Encontrei essa matéria agora a pouco datada de 03 de julho de 2012 falando a respeito de Josafá Ferreira Duarte e o trabalho desenvolvido por ele no campo audiovisual e gostaria de compartilhar com vocês aqui do Blogue. Para os que não o conhecem essa é uma boa oportunidade. Eis a matéria,
E o Oscar Vai para...
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Josafá Ferreira Duarte |
Josafá Ferreira Duarte – Nasceu em 07 de Julho de 1960. Profissão: indefinida (desempregado). Sempre gostou de músicas, filmes, teatros e circo desde jovem. Já trabalhou como fotografo e á foi líder comunitário em Fortaleza e militante do MST. O que levou o mesmo a fazer filmes foi gostar de dramaturgia, teatro e cinema, tendo assim, na visão dele, uma oportunidade de promover a cultura cinematográfica em sua comunidade, ao mesmo tempo em que expressa seus pensamentos sobre o mundo que nos rodeia. É casado com Maria Noélia Cordeiro Duarte, Professora da rede pública, com quem tem três filhos , Mikéias, Wilkias e Ezequias (gêmeos).
Seu primeiro filme foi “A história de uma galo assado”, depois veio “A Sétima Rosa”, seguido por “Rastro de Cobra”. E não demorou muito para ele emplacar seu maior sucesso “Por debaixo dos pano” 1 e 2. Na sequencia vieram, “Calça curta aperreado”, “A espiã que amava Forquilha”, “O mistério da lagoa dos melos” e Forquilha sob ameaça química, seu ultimo.
Suas estórias narram sobre situações do cotidiano, acontecimentos, romantismo, temas sociais e o que mais vier na mente criativa de Josafá. Seus atores são pessoas comuns como crianças, estudantes, agricultores, pecuaristas, professores, aposentados, funcionários publico e profissionais em geral, que nunca pensaram em participar de um filme, hoje podem dizer que são estrelas de cinema.
Com uma câmera simples, não profissional, duas lâmpadas fluorescente e nenhum equipamento de som, é que ele desenvolve suas produções. A edição fica por conta de um PC simples que ele mesmo edita, algumas vezes com a ajuda do amigo Ronaldo Rogers, que também é ator e produtor de filmes de Josafá e de outros realizadores. Com isso, ele nos aponta como pode ser bem mais “fácil” desenvolver e produzir cinema no Brasil. Sem os princípios megalomaníacos estadunidense, mas muito mais próximo da premissa glauberiana, de uma ideia na cabeça e uma câmera na mão.
Para uns poderia ser chamado de cinema herói e para outros, ativismo cinematográfico. Ativismos sim! A palavra fácil entre crases me força a dizer que, como ele mesmo afirma, não é nada fácil produzir cinema. Isto porque, todos sabem o custo que se é despendido no processo. Com recurso próprio, uma pequena ajuda da secretaria de cultura e de comerciantes locais, que começaram a apoiar apenas depois do sucesso de alguns filmes, é que os realizadores produzem. Para nós ficou claro, que é com muito encantamento e força de vontade que se faz cinema.
Graças a ele o vírus do cinema se instalou no município e atualmente é conhecida como a capital do cinema amador. Aos poucos, amigos e outros apaixonados por cinema foram vendo o que Josafá estava fazendo no distrito do Salgado dos Mendes e começaram a se interessar em também produzir seus próprios filmes. Surgindo com isso, outros realizadores que viram que não era impossível produzir cinema. Atualmente filmes como, “O casamento de Vicência” de Djalma Prado e Quero Água de Paulinho Talentos, também ganharam destaque na região sendo largamente pirateado e visto, fortalecendo o movimento desse cinema amador, que só tende a crescer.
O ativismo, criatividade e encantamento de Josafá não para às sombras, nem deita muito tempo numa confortável rede. Inquieto, ele já começa a pré- produção de outro filme de longa metragem. Além desse, outro projeto nos chamou atenção. Trata-se de um projeto de audiovisual nas escolas, com alunos do segundo grau. Onde estes passarão por treinamentos e cada sala/equipe produzirá um curta com temáticas educativas. Ele estima que, com três anos de projeto, dezenas de filmes serão produzidos pelos alunos.
Quem sabe um dia um cannes, urso, palma ou oscar chega em Forquilha.
Encontramos com josafá e parte da cúpula do cinema forquilhense em sua casa, onde fomos inigualavelmente bem recebidos por sua esposa, que sem muitas demoras, nos serviu um farto almoço, seguido de várias sobremesas. Ronaldo, Conrado, Martônio (o cantor), Cesinha, Eudes e Titico, todos se deliciaram e o bom proseado se estendeu até o final da tarde, quando fomos conhecer a casa de um de seus nobres atores, Titico, um catador de lixo que vive de forma suigeneres pelas aquelas bandas do sertão.